Quatro desafios da vida em Comunidade (1a Pedro 3:8-12)

1151050_548802158515413_2133691466_n3a Mensagem da Série “Deus Procura adoradores” – Adoradores que o Adorem em comunidade”

O individualismo da Pós-modernidade de nossa sociedade tem imperado no seio da igreja e as pessoas não querem mais compromisso com a comunidade dos fiéis. Querem as bençãos de Deus mas não querem mais servir ao Deus das bênçãos, em comunidade. Pois sabemos que existe um preço para vivermos em comunidade. Enquanto a sociedade nos convida a “acumular”, a vida em comunidade nos convida a “dividir”. Enquanto a sociedade nos convida a pensar em nossos próprios interesses, a vida em comunidade nos convida a “pensarmos no outro”, e assim por diante. De fato, a vida em comunidade tem se tornado um grande desafio que precisamos enfrentar com fé e esperança. Destaco pelo menos 4 grandes desafios que enfrentamos nesta área:

1. INDIVIDUALISMO – A falta de vida em Comunidade (os sem igreja)
2. COMODISMO – A falta de compromisso com a Comunidade (os sem compromisso com a igreja)
3. MUNDANISMO – A falta de santidade na Comunidade (os sem vida com o Senhor da Igreja)
4. DIVISIONISMO – A falta de unidade na Comunidade (aqueles que ativamente trabalham contra a unidade na igreja com fofocas, maledicências, etc)

Os três primeiros desafios se destacam pela negligência. Há um grupo que não quer participar da membresia da igreja. É o  “sem igreja”, cujo número cresceu tanto ultimamente que o Senso em nosso país já até criou uma categoria só para ele, o “evangélico não praticante”. Há aquele grupo que até se torna membro de alguma igreja, mas não quer compromisso algum com a igreja. Estas pessoas participam quando querem, cooperam quando bem entendem e levam uma vida sem compromisso algum com a comunidade, mas querem fazem parte dela. Há ainda aqueles que fazem parte da membresia, até participam das atividades da igreja, podem até dar suas ofertas, mas de fato, não têm vida espiritual com o Senhor da igreja. São religiosos sem vida com Deus. Este grupo é também uma grande ameaça para a vida em comunidade.

Finalmente, exite um grupo que vive na prática de um tipo de pecado que não prejudica indiretamente a vida em comunidade, mas é de fato “O” pecado contra a comunidade, atingindo direta e destrutivamente a unidade da comunidade. Pedro ataca veementemente este pecado de natureza mortífera e de alto poder destrutivo. O pecado da língua. O apóstolo Pedro escreve sua primeira carta que foi dirigida primeiramente para inúmeras igrejas do passado e vemos como que o assunto abordado é extremamente atual e de enorme urgência para as igrejas do presente também. Citando o salmo 34 Pedro exorta:

“Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la.”  (1a Pedro 3:10-11)

Este pecado tem destruído famílias, amizades, instituições, grupos e igrejas inteiras sucumbem ante este altíssimo poder de destruição em massa, que segundo Tiago é “terreno, animal e demoníaco”  (Tg 3:15).  Satanás não tem pés, nem mãos, nem boca, por isso precisa de pessoas para instrumentalizar e semear a discórdia maligna e diabólica no seio do povo de Deus. Por quase 20 anos tenho observado muitas crises e inúmeros sofrimentos causados por esta impiedosa e destrutiva prática que encontra, no contexto da comunidade, um terreno muito fértil. Sendo que nos últimos 10 anos tenho acompanhado mais de perto esta “espécime rara” por ser pastor de ovelhas. E destes quase dez anos, durante pelo menos seis anos servi também como secretário executivo de um extenso presbitério de minha região. De modo que posso testemunhar que vi igrejas inteiras se desmantelarem e quase fecharem as portas, um numero incontável de pessoas e famílias inteiras se afastarem da fé, casamentos se desmoronarem e sofrimentos sem fim que, creio eu, possivelmente não serão resolvidos nesta vida.  sendo que, a grande maioria dos problemas que presenciei foram causados pela maldita e terrível língua.

Ao longo dos anos observei o que poderia chamar de “característica padrão”, que marca e se destaca como um sinal, ou como sinais da personalidade de quem vive na prática desenfreada deste pecado abominável. Observei por exemplo que:

Nem todo mentiroso é fofoqueiro, mas todo fofoqueiro é mentiroso. Aumenta e inventa muita coisa, torce e destaca maliciosamente os fatos e os usa para um propósito que só Deus sabe.

Nem todo enxerido é fofoqueiro, mas todo fofoqueiro é enxerido. Precisa estar sempre com enxerimento se intrometendo na vida do outro, levantando informações da vida alheia. Não se interesse pela vida do outro para ajudá-lo, evidentemente, mas se interessa pela intimidade das pessoas, uma intimidade que não lhe diz respeito. Quer saber da intimidade sexual de casais da igreja, quer saber da vida financeira das pessoas, etc. Tem sempre perguntas inconvenientes e indiscretas. Conversar com um mexeriqueiro nos dá a sensação de estarmos preenchendo um Relatório para um banco, uma Anamnese para o médico, um Boletim de Ocorrência para o policial. Ele quer saber de tudo, tem sede e uma verdadeira fixação pela vida do outro.

Nem todo infeliz é um fofoqueiro, mas todo fofoqueiro é um infeliz. O fofoqueiro é uma pessoa “infeliz” (pois não vêem dias felizes, segundo Pedro) que se preocupa mais com a vida dos outros, suas mazelas e falhas, do que com a sua. Nunca tem tempo para celebrar o que Deus fez em sua vida, pois está sempre prescrutando a vida do outro. É um infeliz.

Nem todo solitário é um fofoqueiro, mas todo fofoqueiro é um solitário. Não tem amigos, e sim informantes.  Só convive com fofoqueiro quem também é fofoqueiro e tem prazer nesta prática. São parceiros e não amigos. Pois os amigos diminuem aos poucos, e todos evitam pessoas que só falam mal dos outros, exceto aqueles que tem algum tipo de prazer nisso.

Há muitos outros sinais e marcas, mas é evidente que não tenho a pretensão de tratar exaustivamente do assunto, nem poderia em uma única mensagem. Procuro abordar o texto sagrado de maneira expositiva, mas com uma aplicação naturalmente enriquecida pelos anos de observação, que somente os pastores tem o privilégio ou a infelicidade de experimentarem tão de perto.  Espero auxiliar o povo de Deus prevenindo e encorajando-o a enfrentar este desafio, se lembrando sempre das palavras do Senhor Jesus, ao afirmar que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja!

Preciso finalizar dizendo àqueles que vivem na prática desenfreada deste pecado, que uma das grandes marcas é a de que, assim como ocorre com quem vive pela espada, quem vive da língua, pela língua também cairá. Podemos passar anos fofocando e prejudicando uma comunidade, mas um dia seremos açoitados pela própria língua que no fim se volta contra nós. Todavia, antes que isso aconteça, precisamos lembrar que não há pecado que não possa ser perdoado, havendo evidentemente um verdadeiro arrependimento, confissão e abandono desta prática. Costumo orientar quem tem o vício de maldizer as pessoas, para vencer esta prática “fazendo o bem” como disse Pedro. Ou seja, exercitando a desconhecida prática de bendizer ao próximo. Exercite esta prática, deliberadamente gaste horas no telefone bendizendo outra pessoa. Intencionalmente, pegue seu carro e  faça visitas exclusivamente para bendizer ao outro. Organize jantar, café da tarde, confraternização exclusivamente para bendizer ao próximo. E você vai experimentar as bençãos decorrentes desta prática muito aconselhada pela palavra de Deus. Pedro, depois de tratar do problema da língua, conclui dizendo: “Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.” (1a Pe 3:12)

Que Deus nos guarde e nos abençoe!

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.” (Ef 4:29)

Mensagem em 1a Pedro 3:8-12

Trecho do filme “A Festa de Babette” 1987 Dinamarca

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